quarta-feira, 8 de maio de 2013

A importância da castração em pequenos animais



Atualmente a superpopulação de cães e gatos é muito preocupante, e a castração é a principal solução para a diminuição de animais abandonados diariamente.
No Brasil, há um cachorro para cada sete humanos e 10% deste total é de animais abandonados.
- Os animais se reproduzem em progressão geométrica. Dessa forma, uma cadela não castrada e seus descendentes gerarão cerca de 64.000 filhotes em apenas sete anos;
- Quando falamos de gatos o número salta para 420.000 novos animais, pois cachorros se reproduzem a cada seis meses, enquanto gatos se reproduzem a cada três meses;
A castração, ao contrário do que muitos pensam, não é um ato de crueldade, e sim, um ato de amor com seu bichinho. Além de evitar ninhadas indesejadas, a castração pode trazer diversos benefícios, tanto para os machos, quanto para as fêmeas.
Os benefícios da castração em fêmeas
- Diminui os riscos de doenças uterinas;
- Não entram no cio (sangramento que ocorre a cada 3 meses);
- A castração antes do primeiro cio (que ocorre aproximadamente aos 6 meses de idade), praticamente exclui o risco de câncer de mama;
- Estará livre da Piometra (infecção no útero), que atinge em média 60% das cadelas;
- Não precisarão ter pelo menos uma cria, pois procriar não é sinônimo de saúde;
Uma fêmea castrada deixa de atrair uma legião de machos à sua porta e não tentam fugir para cruzar.
Os benefícios da castração em machos
- Evita a hiperplasia da próstata (aumento da próstata de forma diferenciada);
- Evita a ocorrência de tumores dos testículos;
- Poupa o animal de algumas reações instintivas ligadas ao aparelho reprodutor;
- Ficam mais tranqüilos, pois deixam de produzir hormônios sexuais que os deixam tão irrequietos quando não podem cruzar;
- Deixam de fugir e de tentar ir atrás de fêmeas no cio;
- Em gatos, diminui em 90% os problemas de trato urinário;
- Em cães, deixam com menos necessidades de marcar território com urina, mas ainda continuam guardiões da casa e da família.


Mitos e verdades sobre a castração
- Animais castrados ficam obesos: falso. O que leva os animais a engordarem é a vida sedentária e uma alimentação inadequada. É verdade que com a castração existem mudanças na constituição física dos animais, e eles podem ficar com mais apetite, mas isso não significa que eles ficarão obesos;
- Gatas podem entrar no cio em períodos menores do que um mês: verdadeiro.  Para gatas, exista a possibilidade do que chamamos de cio induzido, causado pela presença de machos não castrados numa distância próxima (mesmo que não seja na mesma casa). Além disso, no verão, existem gatas que chegam a entrar no cio a cada 21 dias. 
- A castração deixa o animal "bobo": falso. Após castrados os animais apresentam um comportamento mais tranqüilo, mas continuam brincando e se divertindo normalmente. O que acontece é que com a idade, normalmente, os animais diminuem seu grau de atividade e muitas pessoas erroneamente atribuem isso a castração;
- A castração mutila o animal e é uma prática muito cruel: falso. A castração é uma cirurgia simples, rápida e com pós-operatório tranqüilo. Em 24h o animal volta a estar ativo e assim que retira os pontos, eles voltam a levar uma vida completamente normal;
- Não pode castrar fêmeas antes do primeiro cio/primeira ninhada: falso. Os animais podem ser castrados a partir dos dois meses de vida sem que haja nenhum prejuízo a saúde deles. Aliás, quanto mais novo for o animal, mas rápida será a sua recuperação. O ideal é castrar o animal ANTES do primeiro cio;
- Castrando os machos eles deixam de fazer xixi pela casa: verdadeiro. Machos castrados antes da puberdade, ou seja, antes dos seis meses de vida, não chegam se quer a apresentar tal problema. Em animais adultos que já tenham o hábito de demarcar território, a castração também se mostra muito eficiente em ao menos diminuir consideravelmente esse problema;
- Gatos machos inteiros podem sentir uma fêmea no cio a quilômetros de distância: verdadeiro. Um gato macho, não castrado, pode sentir o cheiro de uma fêmea no cio num raio de 20km de distância! 
- Castrar pode trazer problemas emocionais para os animais: falso. É justamente ao contrário. Castrando você evita, além de doenças físicas, também problemas comportamentais, como, por exemplo, a gravidez psicológica em fêmeas, um problema causado por cios freqüentes (uma cadela entra no cio de seis em seis meses e uma gata de três em três meses).

Não contribua para o abandono, castre seu pet ou doe uma castração!



terça-feira, 7 de maio de 2013

Leucemia Felina



    É causada por um retrovírus – RNA vírus , chamado FeLV (Feline leukemia vírus), fazendo parte da família  Retroviridae, subfamília Lentirinae e gênero Lentivirus. É um retrovírus por ser um vírus envelopado, muito pequeno apresentando cerca de 100 nm de diâmetro, possui como material genético uma fita de RNA e contem a enzima transcripase reversa que produz DNA de fita dupla, a partir do RNA.
    A FeLV pertence à mesma subfamília do vírus da imunodeficiência humana (HIV), no entanto, é uma doença de espécie-específico, afetando apenas os Felídeos, tanto felinos  domésticos como felinos selvagens.
    A transmissão acontece através da saliva de gatos contaminados em contato com mucosas de gatos não vacinados, outro fator importante para a disseminação da doença é durante a gestação, passando a doença de mãe para filhotes que ocorre através da placenta ou do leite materno durante a amamentação. Ou por transfusão sanguínea com uso de sangue contaminado em um gato receptor saudável.
   Os sintomas são febre baixa, mal-estar, inchaço dos gânglios linfáticos, perda de apetite, perda de peso, anemia, lentidão, diarreia e sangue nas fezes.
    Não existe cura para essa doença e os tratamentos variam de acordo com o estágio da doença. Alguns exemplos podem ser feito através de transfusão sanguínea e uso de quimioterápicos como vincristina e ciclofosfamida. Pode ocorrer a remissão da doença, mas NUNCA a cura. Como o vírus permanece no organismo do animal ele pode contaminar outros animais no decorrer da sua vida.
   Como para a maioria das doenças de animais domésticos existe vacina para o vírus FeLV mas sua eficácia não é comprovada.
    A Leucemia Felina é uma doença desconhecida por muitos veterinários, que, ao não saber como trata-la, recomendam eutanásia para o animal.
     Gatos contaminados podem viver meses ou anos após a contratação do vírus. Por isso trabalhe em conjunto com o veterinário de seu animal para fazer desse tempo o mais confortável possível para ele.



O tráfico de animais silvestres


O tráfico de animais silvestres é uma prática de comércio ilegal que comercializa as espécies de animais de um determinado lugar. Em todo o mundo, estima-se que esse tipo de tráfico movimente mais de 10 bilhões de dólares, ficando atrás do tráfico de armas e drogas. O tráfico de animais no Brasil movimenta aproximadamente cerca de 1,5 bilhões de dólares ao ano, sendo a terceira maior atividade criminosa no país. O tráfico ameaça várias espécies ameaçadas de extinção. Acarretando vários problemas para o equilíbrio ecológico, visto que cada animal é importante para o ecossistema. A rota de grande  importância para o tráfico é a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde já existem equipes especializadas em burlar o sistema de fiscalização. As espécies, no Brasil são vendidas para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, onde o comércio de animais exóticos é extenso. Os animais costumam ser traficados em caminhões, ônibus e até mesmo em carros particulares. São colocados, por exemplo, 10 exemplares de uma espécie, em uma única caixa pequena (ou em gaiolas) para que não possa haver desconfiança, na maioria das vezes, eles chegam ao seu destino desidratados, feridos, desnutridos ou acabam morrendo durante a viagem. Desses 10 exemplares, apenas um sobrevive. Quando os fiscais do Ibama e a polícia civil conseguem apreender o contrabando, o traficante não é preso e responde em liberdade como crime ambientar pode pagar até 5 mil reais de multa.  Comprar animais traficados é crime, não seja uma extensão dessa quadrilha.







Outro artigo científico, agora falando sobre febre aftosa.


A importância da febre aftosa em saúde pública
Edviges Maristela Pituco
pituco@biologico.sp.gov.br
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal
Número 17                                           13/10/2005

Introdução

         Os agentes de doenças animais prejudicam a população humana de diversas formas, provocando doenças que são as chamadas zoonoses, ou seja, as doenças que se transmitem dos animais vertebrados ao homem. Representam uma importante ameaça, pois, além de afetarem a saúde e o bem estar, diminuem a produtividade dos rebanhos e reduzem a disponibilidade de alimentos protéicos para a população humana.

         Para examinar a importância da saúde animal para a saúde humana, devemos considerar a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde como um guia. “...Saúde não é a mera ausência de doença ou injúria, é um estado de completo bem estar físico, mental e social...”. A Saúde Pública Veterinária contribui diretamente para alcançar este objetivo, pois “...compreende todos os esforços comunitários que influenciam e são influenciados pela Medicina Veterinária e Ciência aplicada para a prevenção de doença, proteção da vida, e promoção do bem estar e eficiência do homem...” e permite um campo de trabalho ilimitado, ao participar no estudo da inter–relação de doença e saúde no homem e animais.

         A febre aftosa representa uma importante ameaça para o bem estar da população, devido ao seu impacto sobre a economia nacional de diversos países, onde o comércio com o exterior e estabilidade, dependem diretamente da confiabilidade dos alimentos de origem animal, que devem ser oriundos de animais isentos desta enfermidade, demonstrando a estreita relação que existe entre saúde pública, o ambiente e o bem estar sócio-econômico.

         A importância da febre aftosa em saúde pública seria ínfima se não considerássemos sob o ponto de vista social e econômico. Afeta os produtores, empresários e famílias rurais por seus efeitos desfavoráveis sobre a produção, produtividade e rentabilidade pecuária. Incide negativamente nas atividades comerciais do setor agropecuário, prejudicando o consumidor e a sociedade em geral pela interferência que a enfermidade exerce na disponibilidade e distribuição dos alimentos de origem animal, assim como pelas barreiras sanitárias impostas pelo mercado internacional de animais, produtos e subprodutos. E mais, onera os custos públicos e privados, pelos investimentos necessários para sua prevenção, controle e erradicação.

         Apesar da enfermidade de ter sido descrita pela primeira vez em 1546, e dos esforços para o controle e erradicação, continua sendo alvo de permanente pesquisa e preocupação. Nos anos 2000 e 2001, a febre aftosa voltou às manchetes dos jornais de todos os continentes, e as imagens dos milhares de animais sendo sacrificados ficarão para sempre registrados na memória da população mundial. A reintrodução do vírus em países e regiões reconhecidas como livres ocasionou elevados prejuízos econômicos e sociais, como no Japão e Taiwan, livres da doença há quase 100 anos, vários países da Comunidade Européia, livres há 10 anos, Argentina, Uruguai Circuito Pecuário Sul do Brasil já reconhecidos como livres, fez com que a comunidade científica e todas as classes sociais se preocupassem com o assunto.

         No Brasil, a febre aftosa é um fator limitante para o desenvolvimento econômico da indústria animal. Sua presença impõe a adoção de medidas sanitárias no comércio interno de animais e seus produtos não tratados, de áreas infectadas para áreas livres bem como internacional.







A doença

          A febre aftosa é uma enfermidade viral, muito contagiosa, de evolução aguda, que afeta naturalmente os animais biungulados domésticos e selvagens: bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos. Entre as espécies não biunguladas, foi demonstrada a susceptibilidade de elefantes e capivaras. É considerada como zoonose, porém com raros casos em humanos e em situações muito especiais. Caracteriza-se por febre e formação de vesículas na cavidade bucal e espaços interdigitais.

         O vírus pertence à família Picornaviridae, gênero Aphthovirus. Seu genoma é constituído por uma única molécula de RNA. Foi demonstrado como agente etiológico da febre aftosa em 1897 por Loeffler e Frosch. São conhecidos 7 sorotipos antigênica e imunogênicamente diferentes: O, A, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e Ásia 1. No Brasil foram identificados 3 tipos: A, O e C . O agente apresenta grande tendência a mutações que originaram numerosos subtipos e centenas de cepas diferentes, mas com certo grau de proteção cruzada. O aparecimento de novos subtipos em uma região leva a falhas de imunidade das vacinas utilizadas e como conseqüência, podem aparecer surtos. Estas diferenças genéticas entre os agentes de doenças são o motivo pelo qual se impõem barreiras sanitárias para evitar que o vírus seja trazido junto com animais, produtos e subprodutos importados, mesmo que sejam agentes de doenças já existentes no país.

        O vírus da febre aftosa é lábil em pH ácido (menor que 6) e alcalino (maior que 9), é sensível aos desinfetantes químicos como carbonato de sódio a 4%, formol a 10%, hidróxido de sódio 2% (soda cáustica) e meios físicos como calor, radiação ultravioleta, ionização por raios gama e luz solar.
Fonte de infecção e modo de transmissão
         O animal infectado elimina o vírus por todas as secreções e excreções (saliva, sêmen, leite, urina e fezes), contaminando o meio ambiente. Os títulos mais altos do vírus se encontram no líquido das vesículas e no epitélio das lesões.
Os produtos derivados de animais infectados podem estar contaminados. De acordo com o processamento, são considerados de maior ou menores riscos de infecção. Por exemplo, a carne in natura com gânglios, órgãos, medula óssea e sangue é de alto risco, igualmente o leite não tratado e subprodutos como manteiga. Tem-se demonstrado, que produtos contaminados transmitem a infecção aos animais susceptíveis. O código zoosanitário Internacional da OIE estabelece que as carnes devem ser submetidas a um processo de maturação a uma temperatura superior a +2ºC ou seja, temperatura levemente superior ao ponto de congelamento, durante um período mínimo de 24 horas após o abate e neste período o pH da carne será medido no centro do músculo Longissimus dorsi e este não deverá alcançar um valor superior a 6,0.

         É importante salientar que a maturação da carne inativa o vírus nos tecidos musculares esqueléticos e cardíacos, devido à queda do pH, causada por formação de ácido lático, o qual usualmente acompanha o rigor mortis. Em pH 6,0 o vírus é inativado a uma taxa de 90% por minuto, enquanto que em pH 5,0 a taxa de inativação é de 90% por segundo. Contudo o vírus pode sobreviver por mais de 80 dias em carnes congeladas, antes que aconteça a maturação.

         O vírus aftoso pode persistir por longos períodos em coágulos sangüíneos, medula óssea, gânglios linfáticos, fragmentos ósseos e vísceras, pois estes tecidos não sofrem a queda de pH que acompanha o rigor mortis. O pH da carne bovina no momento do abate é cerca de 7,2 e uma hora depois oscila entre 6,5 – 6,8. Após 24 horas de armazenamento, sob temperatura levemente superior ao ponto de congelação, o pH médio situa-se entre 5,6 –5,8.
Os animais susceptíveis podem infectar-se por contato direto com o conteúdo das vesículas, saliva ou excreções e secreções dos animais doentes. Há também o contágio de forma indireta por água, alimentos ou fômites (vestimenta, instrumentos, equipamentos etc.) contaminados. A infecção se transmite, sobretudo por aerossóis, sendo a via digestiva (faringe) a mais comum para penetração do vírus, ocorrendo ainda, pelas vias respiratórias (inalação) e úbere.

                                                                                                                                                                                         Diagnóstico

         A febre aftosa pertence ao chamado grupo de doenças vesiculares, no qual estão incluídas a Estomatite Vesicular, o Exantema Vesicular dos Suínos e a Doença Vesicular dos Suínos. Estas doenças têm em comum a propriedade de provocar a formação de vesículas típicas com coloração esbranquiçada contendo líquido incolor ou ligeiramente sanguinolento, sendo seu diagnóstico baseado nos sintomas clínicos, nos dados epidemiológicos e no diagnóstico laboratorial.

          Entre as espécies de interesse econômico, a discreta intensidade das lesões em ovinos, caprinos e búfalos fazem com que o diagnóstico clínico seja bastante difícil. São frequentes os casos em que animais doentes destas espécies não demonstram sintomatologia clínica, mesmo estando em íntimo contato com bovinos doentes. Isso não significa que não estejam infectados ou mesmo doentes. Esta é a maior causa de persistência do vírus em muitas regiões e uma das principais responsáveis pelas variações antigênicas de cepas de campo durante surtos.

          O diagnóstico laboratorial é orientado para o isolamento e identificação do vírus, a partir de amostras de epitélio das vesículas ou líquido existente nestas, em lesões de língua, patas ou úbere. O sorodiagnóstico algumas vezes é possível a partir de amostras pareadas, quando se busca a conversão de níveis de anticorpos, porém, não é o método ideal em se tratando de animais vacinados.

Fonte




sábado, 4 de maio de 2013

A INFORMÁTICA APLICADA À MEDICINA VETERINÁRIA - Artigo científico


A INFORMÁTICA APLICADA À MEDICINA VETERINÁRIA

 

The application of computer science to veterinary medicine


Francisca Heleara Cavalcante Félix[1], Jorge André Matias Martins[2],
Mauricio Sergio Rocha Moura[3]

RESUMO

A utilização da Informática na Medicina Veterinária vem, progressivamente, contribuindo para avanços tecnológicos e científicos de grande importância comprovando, definitivamente, a conveniência da união destas duas áreas. O envolvimento da informática no ensino superior abre janelas de comunicação e novas perspectivas que, certamente, facilitarão a vida do aluno, do Médico Veterinário e a de seus clientes e pacientes. A evolução na área da Informática relacionada à Veterinária se reflete tanto no campo clínico como no de pesquisas e de publicações técnicas e científicas difundidas através da Internet que propiciam o acesso a farto material facilitando de sobremaneira o aperfeiçoamento profissional.

Palavras-chave: Veterinária, informática, educação.


ABSTRACT

The use of Informatic in Veterinary Medicine provides, progressively, technologic and scientific advances of great importance showing, definitively, the convenience in the sum of the union of these two areas. The involvement of Informatic in the superior education open communication windows and new perspectives that, certainly, will make easy the life of the student, the veterinary and their patients. The evolution in the Informatic area related to Veterinary area reflects on technical and scientific publications spread through the internet that gives the access to full material making truly easy the professional improvement.

Keywords: Veterinary, Informatics, education.

1. INTRODUÇÃO

Até meados da década de 70 os computadores eram máquinas de grande tamanho e alto custo sendo utilizadas somente por poucas instituições, como, por exemplo, o governo, com funções específicas como executar tarefas numéricas complexas para calcular a órbita de planetas ou realizar cálculos de estatística (NORTON, 1996).
Na área da educação o auxílio visual na transmissão de conhecimentos possui origens antigas como a utilização pelo homem das paredes de cavernas para fazer pinturas a fim de esclarecer um conceito para seus companheiros (LINDSTRON, 1995).
Com o passar dos tempos e a evolução proporcionada pelas pesquisas feitas em todo o mundo a Informática passou a se enquadrar em todos as áreas do conhecimento oferecendo um suporte adequado a cada uma.

2. DESENVOLVIMENTO

A grande importância da Informática na Medicina Veterinária tem se justificado por diversos meios (GARCIA, 1996) que atualmente podem ser vistos em clínicas, laboratórios e universidades de todo o país.
Com o auxílio de técnicas de processamento automatizado de imagens os computadores são utilizados em um largo espectro de aplicações que vão desde o diagnóstico de moléstias até o monitoramento de pacientes durante cirurgias (NORTON, 1996). Ainda como máquina de armazenamento de dados o computador vem substituindo a utilização do papel e das fichas manuscritas utilizadas como arquivos nas clínicas veterinárias promovendo uma melhor organização dos setores clínicos de  atendimento, tosa, cirurgia e internamento.
Os mais diversos tipos de software já foram desenvolvidos (GLASS et al., 2002) e na área de Veterinária podem ser citados muitos exemplos:
- Programas gerenciadores de clínicas de pequenos e de grandes animais e fazendas.
 -Programas nas áreas de farmacologia e homeopatia que auxiliam na escolha de tratamentos.
-Programas que realizam cálculos para a área de alimentação animal e desenvolvimento de rações.
-Programas utilizados na área de pesquisa animal necessários para realização de seqüenciamento genético.
- Programas para os setores agropecuários (Rocha et al. ,2001) que foram desenvolvidos para o gerenciamento da pecuária, quer seja bovinocultura, ovinocultura, etc., com o cadastramento dos animais em um banco de dados e o registro de matrizes onde estas possuem cadastrados os dados de identificação, nascimento, sexo, raça e grau de sangue.
As máquinas utilizadas em diagnósticos rotineiros fizeram evoluir a área da clínica e a pesquisa laboratorial facilitando a vida de profissionais e melhorando a qualidade de atendimento. Equipamentos essenciais como eletrocardiógrafos, máquinas de anestesiologia (CAGY et al., 2000), ecógrafos, microscópios equipados com câmeras e desfibriladores (GUEDES et al., 2001), entre outros, têm melhorado o campo de atuação da medicina veterinária.

A união da tecnologia às necessidades da população possibilitou, também, o desenvolvimento de aparelhos de baixo custo e de grande utilidade como, por exemplo, os leitores de microchip (HANSSEN, 2002) para identificação subcutânea que, através do computador, fornecem os dados de animais perdidos facilitando a tarefa de contactar os proprietários. Em um país onde zoonoses como a raiva ainda não foram erradicadas é de extrema importância a adoção de microchips subcutâneos que fornecem dados clínicos com datas de vacinas promovendo assim um maior controle de doenças transmissíveis ao homem.

Nas áreas de ensino de graduação e pós-graduação os alunos utilizam a tecnologia computacional como suporte para apresentações com gráficos, sons e vídeos entre outros, o que os ajuda no desenvolvimento de seus projetos científicos e na preparação de relatórios.
A fusão da Informática com o campo de aplicações biomédico pode ser constatada através das diversas publicações de artigos científicos (DASARATHY, 2002).
A cultura comunicacional exige constante capacidade de atualização perante o mundo urbanizado e globalizado em redes (SANTOS, 2001) e para isso as bibliotecas disponibilizam bancos de artigos científicos (WOLFRAM et al., 2002), tornando-se essencial o trabalho na área da Informática para facilitar o uso dos sistemas de busca na internet (He et al., 2002).
Investimentos na educação universitária possuem grande importância na conectividade com o mundo através da Internet (KIISKI, 2002) que é, talvez, a ferramenta de aprendizado interativo (RIBBONS et al., 2001) mais utilizada atualmente. A Internet também vem demonstrando seu grande valor em diversas áreas de pesquisa, administração de cursos à distância (MILLS, 2000), formação de grupos de discussão entre alunos e professores (VANDEVUSSE et al., 2000), realização de questionários respondidos através das páginas (SPINK et al., 2002), e também para trocas de dados entre veterinários de todo o mundo. Citamos como exemplos o envio de imagens de exames de raio-x e a recepção de laudos profissionais através da internet cuja vantagem mais aparente é a de demonstrar um resultado em poucos minutos, economizando o tempo que seria gasto se o mesmo fosse enviado pelos sistemas convencionais.
Os cientistas utilizam os computadores para desenvolver teorias, coletar e testar dados e para trocar eletronicamente informações com seus colegas de todo o mundo.
Muitos pesquisadores e médicos desenvolvem páginas na World Wide Web com propósitos comerciais (TAYLOR et al., 2002), para isso são disponibilizadas várias ferramentas interativas de construção de Web sites (MARQUIS, 2002).
A inclusão da disciplina de Informática na grade curricular de diversos cursos tornou-se essencial ao processo de aprendizagem sendo indispensável ao desenvolvimento científico (CASTRO, 1988) e enriquecendo bastante os currículos das diversas faculdades de Veterinária do Brasil, proporcionando uma melhoria nos sistemas de ensino do nosso país e influenciando o aparecimento de novas publicações (GARCIA, 1996).

3. SOFTWARE APLICATIVO

Basicamente existem quatro tipos de programas disponíveis para uso em computadores:
AMZ-SISVET desenvolvido e comercializado por AMZ Com. Assessoria e Consultoria em Sistemas Específicos LTDA. O SISVET é um programa multi-usuário (trabalha também em rede) desenvolvido para Windows utilizado em gerenciamento de Clínica e Pet Shop que está a mais de seis anos no mercado. As fichas possuem os dados dos animais e de seus proprietários, com arquivos de foto. Além disso, o programa possui uma biblioteca de imagens para cada ficha cadastrada que pode ser utilizar para fazer um acompanhamento fotográfico de uma cirurgia, por exemplo. As resenhas do SISVET são um recurso gráfico onde se pode marcar lesões dermatológicas, além de um odontograma. Na ficha do animal registra-se de maneira ordenada todo o controle de vacinações e vermifugações, de doenças, curva de crescimento e um espaço para a anamnese. O módulo de exames do SISVET traz hemograma, urina, fezes, bioquímica sangüínea e outros, e ainda no hemograma são calculados o VCM, HCM e CHCM, além dos valores absolutos. Tudo isso pode ser impresso ou arquivado junto à ficha do animal. O SISVET controla toda a conta-corrente do proprietário - tanto créditos quanto débitos – permitindo que no momento de uma internação o proprietário deixe um crédito de onde então se abatem os gastos. O controle de estoque dentro do SISVET permite o uso de código de barras para dar entradas e saídas do estoque além de um completo livro-caixa onde se determina o período ou grupo de produtos ou produto ou proprietário ou operações pendentes, mostrando a forma de pagamento, o preço cobrado por produto e o funcionário que realizou a operação. O SISVET pode calcular também as comissões para funcionários e gerar os recibos referentes. Ainda possui um sistema de segurança com senhas de entrada e acessos permitidos ou não, controlado pelo proprietário da clínica. Este programa também emite etiquetas, controla retornos e revacinações, aniversariantes(animais e proprietários) e devedores. O módulo de mensagens do SISVET serve como um e-mail interno na Clínica onde o veterinário pode se comunicar com colegas ou funcionários. O SISVET traz um DEF editável com mais de 1900 medicamentos que podem ser localizados tanto pelo nome comercial quanto pelo nome químico ou palavras-chaves encontrado em qual quer parte da ficha deste medicamento. Este programa pode ser obtido através do site: http://www.sisvet.com.br
O SiscoVet é um programa desenvolvido por Pixels.HPG de Leonardo L. Suárez para auxiliar no gerenciamento de uma clínica veterinária, ou mesmo veterinários que atendam em campo. Entre as suas características destacam-se: Cadastro de Clientes e Animais com consultas sobre código, nome, espécie, raça e se o animal é reprodutor; cálculo de doses para medicamentos; interpretação de dados laboratoriais, para facilitar a interpretação de exames; impressão de fichas, receituários e papéis timbrados personalizados. Uma versão trial com prazo de validade pode ser obtida através do site: http://www.pixels.hpg.ig.com.br/comercial.htm
O aplicativo BOENNREP Repertory é um programa de repertorização homeopática na modalidade shareware desenvolvido por Thomas Schäfer. Ele permite o arquivamento das repertorizações, possui campos para anamnese do paciente, sintomas, repertório com 1846 medicamentos, um arquivo com fotos dos clientes e também faz a comparação entre dois medicamentos. Pode ser obtido através do site: http://www.boennrep.de.
O SOFT Veterinário Lite 1.0.7 desenvolvido por Micro At Home é o que nós chamamos de freeware que como o termo sugere é versão gratuita e completa de programa disponível para uso sem limite de tempo. Trata-se de um gerenciador de clínica veterinária e se constitui numa poderosa ferramenta de acompanhamento clínico, totalmente voltado para Clínicas Veterinárias de animais de pequeno porte.
Possui como objetivo principal auxiliar o Médico Veterinário a acompanhar a vida clínica de seus pacientes. Através de telas simples e rápidas, é possível registrar as principais informações necessárias para formar um histórico do paciente, o que dará respaldo à tomada de decisões em futuras ocorrências. Completando os registros clínicos, pode-se imprimir diversos relatórios como certificados, agenda, fichas de clientes, históricos e outros.
A interface do Soft Veterinário LITE é toda gráfica e segue os padrões atuais da maioria dos programas desenvolvidos para Windows, tendo uma curva de aprendizado muito rápida e fácil para a grande maioria dos usuários de computador.
O Soft Veterinário LITE está pronto para trabalhar em rede. A principal vantagem deste recurso é o compartilhamento dos dados de seus clientes e pacientes. Deste modo é possível abrir uma ficha em qualquer computador da rede, fazer consultas e pesquisas em toda a base de dados e manutenção e backup dos dados a partir de qualquer máquina. Sua versão completa está no site:
http://www.microathome.com.br/softvete/softvete.html


 4. CONCLUSÃO

A diminuição de tempo na obtenção de resultados laboratoriais conseguidos através do uso das Tecnologias da Informação (TI) vem promovendo uma evolução mais acelerada da Medicina Veterinária, tornando os métodos de diagnóstico mais claros e menos evasivos e o mais importante, salvando vidas.
A melhoria nas áreas clínica (software gerenciador de clínica), cirúrgica (equipamentos hospitalares), científica (computação gráfica para apresentação de projetos de trabalho) e rural (software gerenciador de fazenda) são a evidência das vantagens na união dessas duas áreas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Aluna Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária. Universidade Estadual do Ceará. E-mail: Heleara@uece.br
[2] Aluno Medicina Veterinária. Faculdade de Veterinária.Universidade Estadual do Ceará. E-mail: Jammvet@hotmail.com
[3] Diretor do Departamento de Informática. Universidade Estadual do Ceará. Departamento de Informática. E-mail: Mauricio@uece.br